domingo, dezembro 13, 2009

GRATIDÃO NA IGREJA!



GRATIDÃO NA IGREJA

Gratidão é o reconhecimento por um benefício recebido.
Uma pessoa grata demonstra, por meio de palavras, atos e atitudes, seus agradecimentos a quem a ajudou de alguma maneira. Um indivíduo ingrato não reconhece, não se lembra de agradecer, não recompensa com sua dedicação a quem lhe tenha prestado um benefício.
Um exemplo clássico na Bíblia, para ilustrar a gratidão de uns e a ingratidão de outros, está na cura dos dez leprosos. Um somente voltou para agradecer, “e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças” (Luc 17.16). Nove alegraram-se de tal maneira pelo restabelecimento de sua saúde, e achavam-se tão ansiosos de se juntarem aos familiares, que se esqueceram de dar graças ao seu benfeitor.
O escritor francês Victor Hugo dizia que “a gratidão é a moeda luminosa com que saldamos as grandes dívidas”. Há benefícios recebidos, impossíveis de serem pagos em termos materiais. Um coração grato, um espírito de gratidão, uma atitude de dedicação para com o benfeitor, é, em muitos casos, a única maneira de mostrarmos nosso reconhecimento.

GRATIDÃO PARA COM DEUS

Nossa primeira gratidão, nosso primeiro reconhecimento, há de ser para com Deus – Criador, Sustentados e Salvador. Aprendemos pelo estudo da Bíblia que somos salvos não por méritos próprios, nem por obras, mas pela graça divina, mediante a fé. Ninguém pode salvar-se a si mesmo. Jó, um homem íntegro e reto, que “temia a Deus e se desviava do mal”, segundo o testemunho divino (Jó 2.3), ele mesmo reconhecia a incapacidade de justificar-se diante do Senhor (Jó 9.20). O salmista lembra que o preço de uma alma é imenso, e os recursos de qualquer homem se esgotariam antes que pudesse cobrir o valor da redenção (Sal 49.8). Se somos salvos pela graça de Deus, sem merecimento algum de nossa parte, não haveremos de viver em constante gratidão ao Ser?
Uma vida grata a Deus é uma vida de constante louvor. Um de nossos hinos manda contar as bênçãos, para descobrirmos com surpresa a extraordinária operação de Deus em nossa vida. O poeta sagrado canta nos salmos: “Muitas são, Senhor Deus meu, as maravilhas que tens operado... são mais do que se podem contar” (Sal. 40.5).
A gratidão para com Deus mostra-se na comunhão com Ele. Não existe coisa alguma na vida do crente que agrade mais a Deus do que a comunhão com Ele. O profeta Isaías registra o propósito, o desejo daquele que é o Alto e o Excelso: “Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).
A gratidão para com Deus mostra-se também no serviço. Nós recebemos os benefícios de sua graça. Mas Deus deseja também que tais benefícios cheguem a outras pessoas. E Ele acha que nós somos os melhores instrumentos para a divulgação de tais benefícios. Nós amamos ao Senhor, nós temos para com Ele uma dívida imensa. Mostremos nossa gratidão a Ele, servindo na evangelização, na obra de educação cristã, na música, na administração da Igreja, na beneficência, na entrega regular e fiel dos dízimos, no testemunho cristão.

GRATIDÃO PARA COM A IGREJA

Não devemos esquecer jamais que temos uma vida de gratidão para com a Igreja. Por meio de uma Igreja, geralmente, conhecemos Jesus Cristo como Salvador. Por meio dela, e através da Escola Bíblica Dominical, da União de Treinamento, das sociedades missionárias, crescemos na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, e recebemos orientação para uma vida cristã que agrade a Deus. Por meio da Igreja participamos de uma comunhão fraternal com os crentes, os filhos de Deus. A Igreja é a melhor e mais importante organização da terra. E nós pertencemos a ela.
Um membro de Igreja foi procurado por uma comissão que sugeria àquele crente o pedido de sua carta de transferência para uma Igreja mais próxima. A resposta do crente foi esta: “Eu não vou pedir carta para outra Igreja, porque gosto muito de minha Igreja.” Mas gostar, como? Ele não ia à Igreja, ele não entregava o dízimo para o sustento da causa do Senhor através da Igreja. Essa é uma maneira estranha de gostar da Igreja.
Um crente grato à sua Igreja ora por ela; participa dos cultos e das atividades por ela programadas; vive a vida de Cristo, para que sua Igreja seja vista como a Igreja de Cristo Jesus; procura a fraternidade dos irmãos; busca ajudar os necessitados através da beneficência.

GRATIDÃO PARA COM OS IRMÃOS

Devemos gratidão para com os que vieram antes de nós. Não seríamos o que somos, sem o esforço dos antepassados. Eles construíram muito do que aí está, naturalmente sobre aquilo que também receberam e encontraram. O conforto e a facilidade em tantos aspectos da vida, devemos aos que nos antecederam. Às vezes criticamos as gerações anteriores, mas em seu lugar faríamos coisa melhor? Estamos legando às gerações vindouras uma herança melhor do que a que recebemos?
Devemos gratidão para com os nossos familiares, a começar de nossos pais. Devemos gratidão ao esposo, à esposa, aos irmãos, aos filhos. Tantas vezes somos gratos aos de fora, e nos esquecemos de reconhecer os que estão conosco, e vivem mais perto de nós.
Devemos gratidão à sociedade em que vivemos. Nossas vidas estão entrelaçadas. Ninguém vive sozinho. Nenhum homem é uma ilha. Dependemos uns dos outros em muitos sentidos e de muitas maneiras, e não podemos deixar de ser-lhes gratos.
Devemos gratidão para com aqueles que nos prestam benefícios especiais. Se existe algo que fere profundamente é a ingratidão. Dizia um escritor que, quando caia no átrio do Senado, com o corpo varado pelos punhais, doeu a Júlio César, mais do que os cortes das lâminas da arma assassina, ver Brutus entre os que o agrediam, aquele que ele criara como seu filho.
A gratidão é uma virtude de inspiração divina. Aprendamos a cultivá-la para agradar a Deus, favorecendo a existência de um ambiente de felicidade no meio em que vivemos.

Pr. Omar Bianchi

quarta-feira, dezembro 02, 2009

A MALEDICÊNCIA NA IGREJA



A Bíblia registra a preocupação de Deus com a maledicência no meio do seu povo, desde os primórdios da história de Israel. No Decálogo, já aparecia este mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx. 20.16). No desenvolvimento da lei, quando alguns pormenores são adicionados, encontramos esta recomendação específica: “Não levantarás falso boato, e não pactuarás com o ímpio, para seres testemunha injusta” (Êx. 23.1). No Novo Testamento, Tiago apela: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tiago 4.11).

NATUREZA DA MALEDICÊNCIA

Maledicência é difamação. Significa o hábito de falar mal das outras pessoas. Maledicência inclui murmurações, insinuações e suspeitas injustas, mexericos, falso testemunho, boatos falsos, meias verdades.
Maledicência abrange também a divulgação de notícias a respeito de outras pessoas, com objetivos maus. Mesmo que tais informações correspondam à verdade, não temos o direito de veicular más notícias sobre o nosso próximo, se isso não contribui para ajudá-lo, e para ajudar a causa.
Os filhos de Labão diziam que Jacó se tornara rico, mas sua riqueza teve como origem os bens do pai deles (Gn 31.1). Isso não deixava de ser verdade. Mas era maledicência, porque tal declaração tinha por objetivo menosprezar e ferir Jacó. Hamã, o ministro de Assuero, falou mal dos judeus ao rei, exagerando o isolacionismo do povo de Ester (Ester 3.8). Os inimigos de Jeremias maldiziam o profeta ante o rei Zedequias, atribuindo-lhe maus objetivos e propósitos (Jr 38.4). Aqueles que desejavam a morte de Estevão subornaram alguns homens para que falassem mal do diácono de Jerusalém (Atos 6.11), Tértulo, o advogado dos inimigos de Paulo, caluniava o apóstolo quando falava diante do governador Félix em Cesaréia.

MALEDICÊNCIA NA IGREJA
As igrejas dos tempos apostólicos também sofriam de males semelhantes. Nem Paulo, o dedicado e incansável obreiro, era poupado da maledicência de muitos membros da igreja. Em Romanos 3.8, ele diz que alguns o caluniavam. O texto de I Coríntios 4.6-21 registra a defesa que Paulo fez de sua autoridade apostólica ante a maledicência de que era vítima em Corinto. Nos versos 12 e 13, ele afirma que fora injuriado e difamado. Em I Coríntios 9, Paulo se refere aos que o acusavam (v.3). Os capítulos 10 a 12 de II Coríntios foram escritos tendo em vista essa incompreensão de muitos em Corinto para com o ministério de Paulo. Problemas similares aparecem em outras epístolas, especialmente em Gálatas e Tessalonicenses.
Tiago dedica um capítulo aos pecados da língua. E entre eles está o da maledicência. Pedro recomenda deixar “toda a maledicência” (I Pe 2.1), refrear a língua do mal, e não falar engano (I Pe 3.10). A necessidade de tantos preceitos a propósito da maledicência indica a existência desse problema com bastante seriedade nas igrejas apostólicas.
O fato de ter havido tais problemas na Igreja dos tempos do Novo Testamento não justifica que eles continuem acontecendo também entre nós. Vivemos um estágio de experiência cristã bem mais privilegiado que o dos crentes daqueles tempos. Eles eram contemporâneos dos apóstolos, é verdade. Viviam em tempos próximo dos dias do ministério de Jesus. Mas não tinham acesso fácil à Palavra de Deus, como revelada nos dias do Antigo Testamento. Também não possuíam os Evangelhos, e estavam recebendo naqueles dias as Cartas apostólicas. Cabe-nos, pois, uma maior responsabilidade em afastar e extirpar a maledicência de nosso meio.

OS PREJUÍZOS DA MALEDICÊNCIA
Maledicência é pecado. E todo pecado separa o homem de Deus (Is 59.1,2). O maledicente prejudica-se a si mesmo, e, pertencendo ao corpo de Cristo, prejudica também a Igreja, pois ele se torna um membro enfermo (I Co 12.26).
A maledicência dá origem a contendas e dissensões (Pv 6.19 ; 16.28 ; 17.9). Uma igreja que abriga a maledicência será sempre uma igreja de rixas, de desentendimentos, de desconfianças, uma igreja onde o amor não medra, pois que onde há amor, não há maledicência. Ninguém fala mal, tentando prejudicar a quem ama.
Onde viceja a maledicência, a mensagem do evangelho terá sua divulgação prejudicada, pois que os não crentes jamais serão convencidos das excelências do evangelho, enquanto vêem os crentes falando mal uns dos outros, veiculando com más intenções as faltas e defeitos uns dos outros, ainda que estejam dizendo a verdade.

AJUDANDO OS IRMÃOS
O amor que une os crentes em Jesus Cristo leva-nos a ajudar-nos mutuamente. Isso não significa que devamos encobrir os pecados uns dos outros. Mas publicar os erros dos irmãos também não traz benefício nem ao irmão faltoso, nem a nós, nem à igreja, nem honra a Deus.
Jesus nos manda ganhar o irmão (Mt 18.15). Só quando todas as nossas tentativas falham, temos o direito de comunicar o mal à igreja. Paulo recomenda corrigir o irmão faltoso com espírito de mansidão (Gl 6.1). Tiago aplaude aqueles que salvam almas, e cobrem multidão de pecados, estendendo a mão ao pecador, e ajudando-o a levantar-se (Tg 5.20).
A nossa atitude há de ser sempre a de ajudar o irmão que caiu em falta. Nunca, porém, a de prejudicá-lo através da maledicência. As más palavras ditas a respeito de outras pessoas jamais poderão ser recolhidas. Um mal feito em termos de maledicência, praticado por nós, manchará a reputação de nosso irmão, além de mostrar de nossa parte uma injustificável falta de amor.
Se não temos algo de bom para dizer de nosso irmão, fiquemos calados. O salmista lembra que a maledicência é obra de ímpios: Mas ao ímpio diz Deus: “Tu te sentas a falar contra teu irmão; difamas o filho de tua mãe” (Sl 50.20). E o último livro da Bíblia, o Apocalipse ou Revelação, mostra que a obra da maledicência, da acusação aos filhos de Deus, é obra do Diabo (Ap 12.10).
Não colaboremos com Satanás, falando mal de nossos irmãos. Sirvamos, porém, a Deus, ajudando a levantar aqueles que caem para que o mundo conheça as sublimes excelências do Evangelho.

Pastor Omar Bianchi