Uma pessoa grata demonstra, por meio de palavras, atos e atitudes, seus agradecimentos a quem a ajudou de alguma maneira. Um indivíduo ingrato não reconhece, não se lembra de agradecer, não recompensa com sua dedicação a quem lhe tenha prestado um benefício.
Um exemplo clássico na Bíblia, para ilustrar a gratidão de uns e a ingratidão de outros, está na cura dos dez leprosos. Um somente voltou para agradecer, “e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças” (Luc 17.16). Nove alegraram-se de tal maneira pelo restabelecimento de sua saúde, e achavam-se tão ansiosos de se juntarem aos familiares, que se esqueceram de dar graças ao seu benfeitor.
O escritor francês Victor Hugo dizia que “a gratidão é a moeda luminosa com que saldamos as grandes dívidas”. Há benefícios recebidos, impossíveis de serem pagos em termos materiais. Um coração grato, um espírito de gratidão, uma atitude de dedicação para com o benfeitor, é, em muitos casos, a única maneira de mostrarmos nosso reconhecimento.
GRATIDÃO PARA COM DEUS
Nossa primeira gratidão, nosso primeiro reconhecimento, há de ser para com Deus – Criador, Sustentados e Salvador. Aprendemos pelo estudo da Bíblia que somos salvos não por méritos próprios, nem por obras, mas pela graça divina, mediante a fé. Ninguém pode salvar-se a si mesmo. Jó, um homem íntegro e reto, que “temia a Deus e se desviava do mal”, segundo o testemunho divino (Jó 2.3), ele mesmo reconhecia a incapacidade de justificar-se diante do Senhor (Jó 9.20). O salmista lembra que o preço de uma alma é imenso, e os recursos de qualquer homem se esgotariam antes que pudesse cobrir o valor da redenção (Sal 49.8). Se somos salvos pela graça de Deus, sem merecimento algum de nossa parte, não haveremos de viver em constante gratidão ao Ser?
Uma vida grata a Deus é uma vida de constante louvor. Um de nossos hinos manda contar as bênçãos, para descobrirmos com surpresa a extraordinária operação de Deus em nossa vida. O poeta sagrado canta nos salmos: “Muitas são, Senhor Deus meu, as maravilhas que tens operado... são mais do que se podem contar” (Sal. 40.5).
A gratidão para com Deus mostra-se na comunhão com Ele. Não existe coisa alguma na vida do crente que agrade mais a Deus do que a comunhão com Ele. O profeta Isaías registra o propósito, o desejo daquele que é o Alto e o Excelso: “Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).
A gratidão para com Deus mostra-se também no serviço. Nós recebemos os benefícios de sua graça. Mas Deus deseja também que tais benefícios cheguem a outras pessoas. E Ele acha que nós somos os melhores instrumentos para a divulgação de tais benefícios. Nós amamos ao Senhor, nós temos para com Ele uma dívida imensa. Mostremos nossa gratidão a Ele, servindo na evangelização, na obra de educação cristã, na música, na administração da Igreja, na beneficência, na entrega regular e fiel dos dízimos, no testemunho cristão.
GRATIDÃO PARA COM A IGREJA
Não devemos esquecer jamais que temos uma vida de gratidão para com a Igreja. Por meio de uma Igreja, geralmente, conhecemos Jesus Cristo como Salvador. Por meio dela, e através da Escola Bíblica Dominical, da União de Treinamento, das sociedades missionárias, crescemos na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, e recebemos orientação para uma vida cristã que agrade a Deus. Por meio da Igreja participamos de uma comunhão fraternal com os crentes, os filhos de Deus. A Igreja é a melhor e mais importante organização da terra. E nós pertencemos a ela.
Um membro de Igreja foi procurado por uma comissão que sugeria àquele crente o pedido de sua carta de transferência para uma Igreja mais próxima. A resposta do crente foi esta: “Eu não vou pedir carta para outra Igreja, porque gosto muito de minha Igreja.” Mas gostar, como? Ele não ia à Igreja, ele não entregava o dízimo para o sustento da causa do Senhor através da Igreja. Essa é uma maneira estranha de gostar da Igreja.
Um crente grato à sua Igreja ora por ela; participa dos cultos e das atividades por ela programadas; vive a vida de Cristo, para que sua Igreja seja vista como a Igreja de Cristo Jesus; procura a fraternidade dos irmãos; busca ajudar os necessitados através da beneficência.
GRATIDÃO PARA COM OS IRMÃOS
Devemos gratidão para com os que vieram antes de nós. Não seríamos o que somos, sem o esforço dos antepassados. Eles construíram muito do que aí está, naturalmente sobre aquilo que também receberam e encontraram. O conforto e a facilidade em tantos aspectos da vida, devemos aos que nos antecederam. Às vezes criticamos as gerações anteriores, mas em seu lugar faríamos coisa melhor? Estamos legando às gerações vindouras uma herança melhor do que a que recebemos?
Devemos gratidão para com os nossos familiares, a começar de nossos pais. Devemos gratidão ao esposo, à esposa, aos irmãos, aos filhos. Tantas vezes somos gratos aos de fora, e nos esquecemos de reconhecer os que estão conosco, e vivem mais perto de nós.
Devemos gratidão à sociedade em que vivemos. Nossas vidas estão entrelaçadas. Ninguém vive sozinho. Nenhum homem é uma ilha. Dependemos uns dos outros em muitos sentidos e de muitas maneiras, e não podemos deixar de ser-lhes gratos.
Devemos gratidão para com aqueles que nos prestam benefícios especiais. Se existe algo que fere profundamente é a ingratidão. Dizia um escritor que, quando caia no átrio do Senado, com o corpo varado pelos punhais, doeu a Júlio César, mais do que os cortes das lâminas da arma assassina, ver Brutus entre os que o agrediam, aquele que ele criara como seu filho.
A gratidão é uma virtude de inspiração divina. Aprendamos a cultivá-la para agradar a Deus, favorecendo a existência de um ambiente de felicidade no meio em que vivemos.
Pr. Omar Bianchi